Olá pessoal, sou o Filipe Névola, este blog foi muito ativo durante 2009 enquanto eu fazia universidade,
hoje em dia estou ativo no Twitter @FilipeNevola e voltando a escrever posts agora no meu perfil do Medium (29/05/2016).

[ 15/10/2009 ] 1

[Personagens da Computação] Turing, Alan Mathison

O que dizer de um homem que criou a teoria da computação e, não satisfeito, arregaçou as mangas e assumiu um papel central na construção dos primeiros computadores? De um matemático que venceu com cálculos as bombas de Hitler? No mínimo, que merecia uma estátua no Vale do Silício, um enterro com glórias de herói, que seu nome deveria virar nome de ruas, avenidas, universidades. Mas esse homem morreu esquecido.

Sua história só é conhecida graças à biografia monumental, escrita em 1983 pelo matemático Andrew Hodges. Mas estou me adiantando. Comecemos do começo.

História do grande Alan Mathison Turing (1912-1954)

Alan Turing nasceu em 1912, em Londres. Era um garoto tímido, sem muito talento para o convívio social e sem muito cuidado com a aparência. Na escola, destacava-se apenas por ser esquisito introvertido, irônico, pouco disposto a respeitar regras. Um cara tão estranho que, no futebol, gostava de ser bandeirinha.

Aos 16 anos, conheceu um garoto muito inteligente chamado Christopher Morcom. Naquele momento, Turing descobriu um fato que mudou sua vida (e, novamente me adiantando, aproximou sua morte): ele era gay. Chris morreu em 1930 de pneumonia bovina (transmitida pelo leite). Essa primeira paixão marcaria Alan para sempre. Foi em parte devido à vontade de continuar o legado intelectual do amigo que Turing se aplicou nos estudos, na faculdade de Matemática, e tornou-se conhecido dos professores de Cambridge por seu raciocínio brilhante.

Em 1937, publicou um artigo Sobre as Máquinas Computáveis que teve uma importância enorme para a matemática pura: nele, provava que existiam cálculos impossíveis de serem feitos. Mas também trazia uma aplicação prática que ninguém, na época, percebeu. Turing imaginara uma máquina capaz de fazer todos os cálculos possíveis, desde que lhe dessem as instruções adequadas. O artigo não fazia menção a chips ou processadores continha apenas fórmulas matemáticas. Mas a descrição era exatamente daquilo que, mais tarde, mudaria o mundo com o nome de computador.

Por falar em mudar o mundo, naquele momento surgia um austríaco obcecado por impor suas idéias ao planeta: Adolf Hitler. Um de seus trunfos era uma máquina chamada Enigma um sistema de engrenagens capaz de embaralhar as letras das mensagens antes da transmissão por telégrafo. Os alemães consideravam esse código indecifrável. Caberia a Turing, convocado em 1939 pelo exército britânico, decifrá-lo.

Um ano mais tarde, a guerra parecia uma barbada para Hitler. A Europa continental havia caído e as ilhas britânicas estavam, bem, ilhadas dependiam dos navios que cruzavam o Atlântico com armas e mantimentos americanos. Os submarinos alemães afundavam 200.000 toneladas de embarcações todo mês e o único jeito de descobrir a posição dos submarinos era decifrar suas mensagens.

Turing tirou a cabeça das máquinas teóricas e sujou as mãos na graxa de engenhocas reais. Uma delas, o Colossus, é tataravó do PC no qual digito agora. No começo, elas demoravam semanas para tornar uma mensagem compreensível. Mas, em 1942, os ingleses já decodificavam 50 000 mensagens por mês, uma por minuto. Os submarinos alemães eram abatidos como moscas. O preconceituoso Hitler, cuja equipe olímpica tinha sido derrotada em 1936 pelo atleta negro americano Jesse Owens, perdia a guerra para um intelectual homossexual.

O ditador nunca soube disso. Aliás, nem a mãe de Turing. Sua participação na guerra permaneceu secreta por décadas. Tanto que, quando a polícia o prendeu em 1952 por grande indecência em outras palavras, homossexualismo , ninguém o defendeu dizendo que se tratava de um herói de guerra. Para enfrentar o julgamento, teve que se afastar de suas pesquisas sobre inteligência artificial Turing é inventor de um teste até hoje usado para decidir se uma máquina pensa. Acabou condenado a um tratamento com hormônios que arruinou seu físico.

Na noite de 7 de junho de 1954, atormentado, o matemático deitou-se na cama e mordeu uma maçã. Na manhã seguinte, não acordou. A fruta havia sido mergulhada numa jarra de cianeto.

Autor: Editor da revista Superinteressante

Finalmente em 2009 o Reino Unido pede desculpas póstumas a Alan Turing

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ofereceu um pedido póstumo de desculpas ao matemático Alan Turing, pelo tratamento "desumano" que recebeu das autoridades britânicas e que o levou ao suicídio em 1954. Turing atuou com a equipe responsável por quebrar o código secreto Enigma, usado pelos alemães na II Guerra Mundial, e produziu trabalhos teóricos que estão na base de boa parte da informática moderna e das pesquisas sobre inteligência artificial.

Homossexual, Turing foi processado numa época em que essa conduta era considerada crime no Reino Unido, e forçado a se submeter a um tratamento com hormônios.

Em 1952, Turing foi condenado por indecência, por ter mantido relações sexuais com outro homem, e teve de optar entre ir para a cadeia ou sofrer "castração química" - a injeção de hormônios para suprimir a libido. Seus privilégios de segurança foram revogados ele foi impedido de continuar a trabalhar para o governo.

Dois anos depois, cometeu suicídio, comendo uma maça envenenada.

No momento em que o Reino Unido marca dos 70 anos do início da guerra em 1939 - lembrada como "a melhor hora" do povo britânico - Brown disse que Turing "merecia algo muito melhor" do que o tratamento que recebeu da sociedade no pós-guerra.

"Não é exagero dizer que, sem sua contribuição extraordinária, a história da II Guerra Mundial poderia ter sido muito diferente", afirmou o primeiro-ministro. "Ele realmente foi um dos indivíduos para quem podemos apontar e dizer que suas contribuições únicas ajudaram a virar a maré da guerra".

Brown disse que Turing foi "de fato, julgado por ser gay". A homossexualidade continuou a ser ilegal no Reino Unido até 1967.

"A dívida de gratidão para com ele torna ainda mais horrível, portanto, que tenha sido tratado de modo tão desumano", disse Brown. "Sentimos muito, você merecia algo muito melhor".

As desculpas de Brown seguem-se a uma petição online que atraiu mais de 30.000 assinaturas, incluindo o romancista Ian McEwan e o cientista Richard Dawkins.

O cientista John Graham-Cumming disse ter começado a campanha porque "Turing não era tão conhecido no Reino Unido quanto acho que deveria ser, como um herói da guerra um grande matemático". Graham-Cumming disse ainda que não seria um exagero chamar Turing de "pai da computação".

Fontes:
[1] Alan Turing
(link)
Perfil e biografia do inventor do computador
[2] Reino Unido pede desculpas póstumas a Alan Turing (link)
Homossexual, o gênio da matemática foi processado numa época em que essa conduta era considerada crime
Anônimo comentou:

aproveitando que você cursa ciência da computação, queria te perguntar se uma pessoa precisar ser boa em matemática, lógica enfim matérias específicas para o curso de ciência da computação. E qual dica você me dar para conseguir ter um bom desempenho no curso de ciência da computação. mande para meu email felipememphis@hotmail.com . Muito bom seu blog.Obrigado

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